quinta-feira, 21 de maio de 2015

MULHER NOTA 1000 #13: BRIGITTE NIELSEN

Ah! Linda Brigitte, musa dos anos 80/90... 

Que atire a primeira pedra quem nunca foi apaixonado por ela!


OSS!

terça-feira, 19 de maio de 2015

O CARTEIRO E O POETA #23: MUSASHI EM "A FLAUTA - PRIMEIRA PARTE"



[...]

Antes de saírem, destinados à pernoitar na densa floresta que cercava a Vila Miyamoto, Takuan pedira a Otsu que preparasse comida, muita comida: bolinhos de arroz, temperos, carne e saquê compunham a principal "arma" numa caçada onde a força bruta era, sabidamente, desproporcional. 

Contudo, em nenhum momento o sábio monge lograra seguir por este caminho. Conhecedor prévio da má fama de Takezo, ele já sabia que seria inútil envolver-se com o objeto de sua caçada em um confronto físico, sendo assim, usaria as armas que lhe eram mais desenvolvidas e favoráveis: o cérebro e a língua sempre afiada.

Estabelecido o local do acampamento, um ligeiro declive em campo aberto ilhado por mata-fechada em todos os lados, Takuan sentou-se, cruzou suas pernas e pôs-se em meditação. Porém, mal teve tempo de espantar os primeiros pensamentos que lhe viriam, fora brutalmente interpelado por uma Otsu atônita: 

- O quê? O senhor faz um acordo absurdo com o comandante do Bigodinho-de-Arame, dando tua própria e inútil cabeça como prêmio, ainda por cima me envolvendo nesta loucura toda, e agora irá rezar? Não pode ser. - desesperou-se.

O bonzo, sempre muito sereno, sequer abriu os olhos para responder: 

- Sugiro que faça o mesmo, pequena Otsu. Temos uma árdua caçada pela frente. 

- É inacreditável. INACREDITÁVEL! O que eu estava na cabeça quando aceitei participar disso? O senhor só pode ser louco! - exclamou Otsu, incrédula.

- Otsu-San, fala-te mais baixo, por favor, pois assim estás espantando até mesmo a pobre Deusa Kannon, a quem agora rogo por caridade e benevolência pelas nossas almas e também pela alma perdida daquele que viemos buscar. 

Sem que nada mais houvesse a ser feito para modificar a situação em que se encontrava, Otsu tratara de se aninhar e descansar, pois esta era apenas a primeira de três longas noites que se seguiriam. E logo fora acompanhada por Takuan, assim que este finalizou suas preces. 

(...)

Passados dois dias e duas noites nos quais tudo o que fizeram fora esperar que Takezo viesse-lhes servido em uma bandeja, a jovem noiva - já completamente descrente da sanidade do monge, e incrédula de que obteriam êxito na missão - pôs-se em prantos desesperada:

- Monge Takuan, eu lhe imploro, vamos levantar e procurar Takezo. Já estamos aqui há mais de quarenta e oito horas e nada. Eu não quero que o senhor perca sua cabeça, eu não quero... - e repetia como típica criança contrariada.

Eis, então, que Takuan, até então calado, fez com o dedo indicador um gesto que despertou esperança em Otsu, e na sequência profetizou: 

- Certo, Otsu-San. Eu tenho um plano. Apure os ouvidos: vejo que carregas contigo um belo exemplar de instrumento musical. Ao que vejo, numa análise superficial, aparenta ser uma flauta muito rara e valiosa, talvez uma relíquia familiar. Fiquei sabendo, através do teu senhorio do templo Shippoji, que és exímia instrumentista. Pois bem, ponha-te a tocar e acalente nossas almas nesta fria e solitária noite. 

Mal terminou de dizer, Takuan aprumou-se a espera do flutuar das primeiras notas, entretanto Otsu estava obstinada em desobedecê-lo: 

- De jeito nenhum, seu monge maluco. O senhor está a menos de dois dias de perder a cabeça e me pede para tocar flauta? É muito mais maluco do que imaginei... 

- Otsu-San, Otsu-San, não digas bobagens. Pensa-te em expurgar tua alma; Usa-te agora esta pequena flauta, estes preciosos quarenta centímetros de comprimento, para sintetizar o magnífico ser humano que em ti habitas; Dizem que através dos sete orifícios da flauta - Kan, Go, Jou, Saku, Mu, Ge e Ku - podemos alcançar as cinco paixões humanas - prazer, alegria, ódio, ira e mágoa -, pois bem, menina teimosa, mostre-me o universo recôndito que há em ti, e eu garanto que Takezo-San nos virá rastejando, implorando para ser pego, como se fora uma oferenda dos deuses em gratidão. 

[...] continua.

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Este trecho não corresponde na integralidade à obra MUSASHI de EIJI YOSHIKAWA. São apenas as minhas principais memórias sobre a história, transcritas, sucintamente, com minhas pobres palavras. Não deixem de adquirir a obra original caso estejam gostando de acompanhar. 

OSS!


quinta-feira, 7 de maio de 2015

KARATE KID #15: "REIGI O OMONZURU KOTO"



Meu amigo e Sensei de Aikido - Roberto - presenteou a mim e a todos os meus alunos com estas pequenas e profundas palavras acerca deste que é um dos principais preceitos das Artes Marciais e da vida. Por isso, faço questão de compartilhar com todos vocês que me acompanham, porque certo estou de que encontrarão uma maneira de adaptar os conhecimentos implícitos em cada linha deste texto à vida de vocês.
Peço, então, licença ao amigo sensei para adaptar, aqui, a infinidade de conhecimentos que ele me transmitira:
" 'REIGI O OMONZURU KOTO' Onegai shimasu: por favor.
Domo arigato gozaimashita: muito obrigado.
Gommen nassai: desculpe-me.
Sumimassen: sinto muito.
Hai: sim (atitude positiva).
Oss: presença estado de atenção; concordância; empenho; não existe tradução literal.
Tudo isso é REIGI: etiqueta, educação.
Quando nos submetemos a uma arte ou disciplina, seja ela qual for, isso deve estar sempre sendo respeitado.
Nas artes marciais em particular, REIGI é algo importantíssimo, e não é porque algumas artes ou linhagens
diminuíram seu uso que deixaram de ser importante, pelo contrário.
O código de etiqueta de cada arte trás em si tudo isso, mas se não PRATICARMOS as condutas, simplesmente não entenderemos.
Hoje, na sociedade em que vivemos, nos esquecemos até mesmo de dizer "bom dia". Um Bushi (guerreiro) antigo olhava para tudo isso com inestimável importância, pois tinha em si que era necessário viver verdadeiramente cada respiro, justamente por não saber a hora exata de sua partida. Para ele, era importante chegar ao derradeiro momento tendo a certeza de que fizera tudo que estava ao seu alcance na sua jornada de descobrimentos (DO - CAMINHO).
Para um estudante marcial, não deve existir "não entendi", existe "Hai" ou "Oss".
Quando temos dúvida, não existe "vem aqui" ou "só Isso". Existe "onegaishimasu" - "por favor, me ensine"; ou "gommennassai" - "desculpe-me, me explique."
Então pergunto aos que considero irmãos de jornada:
O que é mais importante: a reverência silenciosa ao aprendizado ou o latido do ego para provar posições e pseudo verdades?
Afinal, como já dizia meu Sensei:
"Na vida todos somos iguais, pois todos somos um. E se, ao sermos todos um, se você não ouve ao próximo, você não ouve a si mesmo."
REIGI O OMONZURU KOTO. Respeito acima de tudo!"
OSS!

quarta-feira, 6 de maio de 2015

O CARTEIRO E O POETA #22: MUSASHI EM "O BIGODINHO-DE-ARAME"




(...)

Identificado em meio à multidão nos festejos do aniversário de Buda, Takezo fora obrigado a desaparecer por completo da Vila Miyamoto. Os moradores, organizados pelo comandante do posto de inspeção conhecido pelo caricato apelido "Bigodinho-de-Arame", revezavam-se nas buscas, dia, noite e madrugada adentro, e dentre todas as pessoas que o procuravam, uma em especial julgava ter motivos de sobra para pôr as mãos nele: Osugi - a matriarca dos Hon´I´den. 

Entretanto, Takezo não estava disposto a ceder facilmente. Acostumado a fazer longas peregrinações por dias, talvez semanas, e familiarizado às mazelas da guerra, não seriam duas ou três noites de fuga que o fariam cansar. (...)

Toda a rotina da Vila Miyamoto alterara-se em prol da captura de um único e inocente homem, e isso passou a incomodar um ilustre visitante que se hospedara, já há alguns dias, no templo Shippoji: Monge Shuho Takuan.

Por ver o dia-a-dia dos aldeões ser totalmente modificado em torno de uma causa inválida, Monge Takuan, homem letrado, eloquente e prepotente, do alto dos seus trinta e poucos anos, resolvera se manifestar. Pedira a Otsu que chamasse o comandante Bigodinho-de-Arame, e, cheio de arrogância, ao com ele se encontrar, despejara: 

- Boa tarde, senhor Bigodinho. Seria o senhor o responsável por esta arruaça?  

Empalidecido pela ousadia do sacristão, o comandante de alto escalão retrucara ameaçador: 

- Quem pensas que és para assim falares comigo, seu insolente? Escolhas melhor o que dizeis para que não recebas ordem de prisão, quiçá execução, aqui mesmo, padreco. 

Takuan mantivera por todo tempo um sorriso de canto de boca, típico daqueles que detêm o total domínio da situação e, propositadamente, apenas prorrogara o prazer intrínseco que tal discussão lhe trazia:

- Você não é capaz. Aliás, é isto que você é: um incapaz. Mesmo contando com todos os homens da aldeia, vinte e quatro horas por dia, não conseguira capturar um único e afugentado homem. Você desconhece os dizeres da Arte da Guerra, e por isso anda em círculos em sua busca, fazendo com que seu inimigo desdenhe jocosamente da sua posição. Fosse um homem letrado, saberia tudo o que Sun Tzu tem a dizer sobre o assunto, e já teria Takezo amarrado a um esticar de braços há muito tempo.

Desafiado e humilhado, Bigodinho-de-Arame, prostrara-se: 

- Ora, seu insolente! Espero que tenhas um plano melhor, então...

E como se apenas aguardasse esta deixa, Takuan já emendou:

- Tenho, sim. Na verdade, eu sou a sua salvação. O plano é o seguinte: você ordenará que as buscas cessem imediatamente para que os aldeões voltem a trabalhar na lavoura. Eu mesmo, Shuho Takuan, capturarei Takezo e o trarei ao povo da Vila. Peço-te apenas que me dê 72h para tal feito, e a minha única exigência é que, cumprida a missão, ficará ao meu cargo a aplicação da punição. 

Aparentemente, a insolência de Takuan era infinita e apenas proporcional à segurança que demonstrara em todo o diálogo. Sem tem o que dizer, até porque já não mais sabia o que fazer para pegar Takezo, e, ainda que humilhado pelas ásperas palavras do Monge, o comandante Bigodinho-de-Arame apenas assentiu com o plano e finalizara: 

- Estou de acordo, seu bonzo petulante. Mas, saiba que, se falhais, eu mesmo - Tsujikase Tenma - terei o prazer de desprender tua cabeça do teu corpo. (...)

Continua... 

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Observação: este trecho não corresponde na literalidade à obra MUSASHI de Eiji

Yoshikawa. Tratam-se apenas das minhas memórias sobre a história, transcritas,

sucintamente, com as minhas palavras. Não deixem de ler o livro caso estejam gostando. 



OSS!

terça-feira, 28 de abril de 2015

O CARTEIRO E O POETA #21: MUSASHI EM "A BESTA-FERA".



Musashi-Sama, maior Samurai da história do Japão, nem sempre vivera sob os preceitos do honrado código do Bushido. Nascido na Vila Miyamoto, filho de Shinmen Munisai, Takezo (o seu nome de batismo) desde sempre se mostrara um bravo guerreiro. Extremamente robusto, alto e forte para os padrões da época, e dotado de um espírito inabalável, ainda pré-adolescente suplantou homens com o triplo de sua idade e experiência marcial. Era visto por todos em sua aldeia como um animal, uma besta-fera. 

Ainda adolescente, aos 17 anos, aliciou seu melhor amigo, Hon´i´den Matahachi, para que o seguisse nos campos da Batalha de Sekigahara. Vigorosamente, defenderam a bandeira de seu suserano e com ela tombaram. Derrotados, foram obrigados a moribundear a esmo pelo interior do Japão, até encontrarem abrigo na casa de uma fogosa viúva quarentona, Okoo, de onde Matahachi - mesmo sabendo que sua noiva Otsu o aguardara  - nunca mais saiu. 

Contrariado, Takezo viu-se na obrigação de retornar sozinho a sua terra-natal para dar a notícia à mãe do amigo. Ele sabia que não seria nada fácil ter de encarar e dizer à velha Osugi, matriarca dos Hon´i´den, que o filho optara, por livre e espontânea vontade, por não voltar, abandonando, assim, todos os seus laços consanguíneos. Não restam dúvidas de que esta incumbência não lhe agradaria em nada, contudo, ciente de que não tivera culpa na decisão do amigo, Takezo se pôs reticente a caminhar em direção à Vila Miyamoto. (...)

O dia era festivo. A vila comemorava o nascimento de Buda em uma grande celebração popular. Em meio à multidão, um rosto surrado pelas dízimas da guerra destoava dos demais: era Takezo-San que, sujo e maltrapilho, retornara à terra-natal. Todavia, não esperava que lhe saudassem, servissem bolinhos nem saquê. Sabia exatamente da acidez de sua missão, e lograva cumpri-la prontamente. Eis que, então, num átimo de desatenção, se deixara ser avistado por ninguém menos que Otsu-San, a mais linda noiva, órfã de pai e mãe, que havia em toda a Vila Miyamoto, e que, agora, ainda tão jovem, acabara de se tornar órfã também de seu futuro marido... 

... continua. 

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Observação: este trecho não corresponde na literalidade à obra MUSASHI de Eiji Yoshikawa. Tratam-se apenas das minhas memórias sobre a história, transcritas, sucintamente, com as minhas palavras. Não deixem de ler o livro caso estejam gostando. 

OSS!

sábado, 25 de abril de 2015

O CARTEIRO E O POETA #20: SONETO DOS CEM-SENTIDOS

SONETO DOS CEM-SENTIDOS

De olhos fechados aprendi a te amar,
A confiar na verdade do que sinto,
Pois quão belo é nosso amor, não minto!
Faz-me, sem medo, a ti me entregar.

No silêncio aprendi a te sentir,
E sem sentido, de repente, tudo seria,
Se por qualquer senão, razão, todavia,
O futuro, o presente, contigo não dividir.

E se olhos, ouvidos e pele: tudo junto,
Insuficientes ainda são para mensurar,
Nem mesmo o intocável, o intangível: o conjunto.

Consigam, ao nosso amor, substantivar.
E para mais sem-palavras empregar a este assunto,
Amo-te para sempre - repito - até o último dos meus olhos fechar.

Danilo Peres


OSS!